sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Lampião

Capitão Virgulino
Um menino, nascido no sertão pernambucano, no sítio Passagem das Pedras, em Serra Talhada, se transformou no mais forte símbolo do cangaço. Alto, pele queimada pelo sol sertanejo, praticamente cego do olho direito, cabelos crespos na altura dos ombros e braços fortes, assim Lampião comandava invasões a sítios, fazendas e até cidades. Dinheiro, prataria, animais, jóias e quaisquer objetos de valor eram levados pelo bando, que ficava com o suficiente para manter o grupo por alguns dias e dividiam o restante com as famílias pobres do lugar. Dessa forma, Lampião conquistava a simpatia e o apoio das comunidades e ainda conseguia aliados.

A infância de Virgulino transcorreu normalmente, em nada diferente das outras crianças que com ele convivia. Criado com mais 7 irmãos, Lampião sabia ler e escrever, tocava sanfona, fazia poesias, usava perfume francês, costurava e era habilidoso com o couro. Enfeitar roupas, chapéus e até armas com espelhos, moedas de ouro, estrelas e medalhas foi invenção de Lampião. Armas, cantis e acessórios eram transpassados pelo pescoço. Daí o nome cangaço, que vem de canga, peça de madeira utilizada para prender o boi ao carro.
Havia um notório orgulho de pertencer aos bandos, revelado também na indumentária dos cangaceiros. O excesso de adereços, os enfeites nos chapéus, os bordados coloridos foram típicos dos momentos finais do cangaço. Lampião era um homem bem preocupado com sua imagem pública, o que colaborou para que permanecesse na memória nacional. O Rei do Cangaço 

Lampião e Maria Bonita
 
também era o rei do marketing pessoal. Assim como adorava aparecer em jornais e revistas, deixando-se inclusive fotografar e até filmar, fazia de seu traje de guerreiro uma ostensiva e vaidosa marca registrada. 
Lampião era também conhecido por capitão. Na verdade a patente não foi inventada por ele mas lhe foi oferecida pelo governo da República Velha a troco de usar seu bando para afugentar a temida Coluna Prestes. Mesmo dispensada sua colaboração, ele forçou um funcionário público federal de então a lhe outorgar a patente de capitão prometida pelo governo federal.

  
Lampião e seu bando
 
Para minguar a discussão em torno de sua figura é bom lembrar que ele não era "pai dos pobres" e menos ainda um Hobin Hood. Era sagaz, violento e sanguinário. A insurreição do bando não tinha conotação política. Era pura bandidagem. A polícia custou desmontar o bando  já que  o palco das emboscadas era a caatinga muito conhecida pelos jagunços. Com a morte dos principais cangaceiros, cortando-lhes a cabeça, inclusive a de Lampião, o bando não mais floresceu. Lampião morreu mas o mito eternizou-se principalmente no nordeste do Brasil.
Por outra banda, o modismo de enfeitar seus fuzis, roupas e  chapéus típicos da jagunçada ficou impressa na cultura popular. O chapéu, as roupas e adereços coloridos; a utilização de objetos brilhantes, espelhos e toscas estrelas, era a marca pessoal de Lampião.  Era seu estilo. Duvidoso ou não!

Cacto típico de solos pobres




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