O VERSO E O REVERSO

     Hoje é domingo e o dia está nublado. A natureza parece que está de folga. Há silêncio por todo o lado, nem os pássaros cantam. Apenas dois remadores solitários e sem platéia se aventuram a singrar as águas barrentas do Rio Doce. Um pescador passou por nós com cara de que o rio não está pra peixes. Não havia sorriso e sim um ar de decepção.  Apagaram a beleza da natureza! Assim como o dia de hoje está pintado em branco e preto há pessoas feias e aquelas que fogem ao padrão de beleza estabelecido pela mídia e o mundo fashion. Beleza é um conceito abstrato. Pode até ser para alguns. Sabemos de longe identificar o que feio e o que belo. A matéria poderia ser enriquecida com fotos do Corcunda de Notre Dame ou mesmo com o protagonista do livro O Perfume, de Patrick Suskind. Mas eram feios além da conta e iriam manchar minha página virtual. Ser feio dói, seria uma interrogação apropriada? Alguém poderia responder: não sei, você que teria a resposta. Mas as pessoas destituídas de beleza tem um prejuízo concreto a carregar pela vida toda. O professor Daniel Hamermesh, professor de Economia na Universidade do Texas afirma que "pessoas bonitas conseguem fazer mais dinheiro. Elas encontram parceiros com rendimentos maiores e conseguem fazer acordos melhores para negociar  dívidas como hipoteca. Os trabalhadores norte-americanos considerados feios chegam ao fim da vida com um prejuízo de 230 mil dólares em relação aos trabalhadores mais brindados pela beleza. "  

 

Chiquinha

 Tudo isso deve-se aos nossos preconceitos. E ainda segundo o professor: "Muitos de nós, independente das atitudes que afirmamos, prefere como consumidores comprar de um vendedor de melhor aparência; como membros de júris ouvir advogados mais bonitos; como eleitores  seguir  políticos bem apessoados; como alunos aprender de professores mais charmosos. Não é a questão de um empregador maligno se recusar a contratar os feios: nos nossos papéis de trabalhadores, consumidores e amantes em potencial, somos responsáveis por esses efeitos". Ninguém é feio porque quer, a não ser  uma parcela da população que não liga pela sua apresentação visual, poder aquisitivo e sovinice mesmo. O pai da psicanálise Sigmund Freud, cuidava de um paciente que imaginava que todo mundo ficava olhando para ele, com isso aparece a feiúra imaginária já diagnosticada como doença psicossomática. No linguajar grosseiro, ao se referir a uma mulher feia ou mal arrumada, se diz que "fulana é um canhão". Ou que "bonitinha é uma feia arrumada." A ausência do belo pode trazer transtornos de múltiplas variantes como timidez, deixar de estudar, viver reclusa ou mal humorada. Subtraindo alguns defeitos físicos ocasionados por doenças ou ferimentos de guerras, queimaduras, dentre muitos outros,  sempre há o remédio de vários ramos da Medicina para corrigi-los, desde a infância como lábios leporinos, que está em extinção.  Para remediar o que a natureza não dera aos feios temos as intervenções cirúrgicas, o cuidado com a pele, os cabelos (principalmente estes que emolduram o rosto), as roupas adequadas e usadas com bom senso, o comportamento social, a higiene corporal, o cuidado com as unhas, a postura física, tudo isso dá para fugir da baranguice. Para isso é preciso se esforçar bastante e despender parte do orçamento para o investimento no seu "eu" pessoal. Mulher bonita não fica depressiva, está sempre de bem com a vida. É polida, simpática e de presença agradável. Feiúra e falta de cultura são como carne e unha: ocupam o mesmo espaço. É necessário boas leituras, assistir filme variados, ação, romance e comédia e andar sempre com gente menos bonita. Se beleza é uma ilusão de ótica, alguém apontará você como a mais bonita. 

canhão antigo

A atriz americana Audrey Hepburn afirmava:

"Para ter lábios atraentes, diga palavras doces.

Para ter olhos belos, procure ver o lado bom das pessoas.

Para ter o corpo esguio, divida sua comida com os famintos. 

Para ter cabelos bonitos, deixe uma criança passar seus dedos

por eles pelo menos uma vez ao dia.

Para ter uma boa postura caminhe com a certeza de que nunca andará sozinha".

     Em tempo: se alguém lhe disser que "beleza não põe mesa" ou o que "importa é a beleza interior", não acredite.  Vinícius de Moras assinalou: "As feias que me desculpem, mas beleza é fundamental". E olhe que Vinícius de Morais, tirando a fama de cantor e poeta, era feio de doer.

Rita Hayworth

Audrey Hepburn, mito de beleza