Fetiche

O gato tem sete vidas. Ele sempre cai de pé, não importando a altura. O raio nunca cai no mesmo lugar, são inverdades que nem o tempo se encarregou de apagar das páginas da vida. O gato só tem uma vida e pode se espatifar no chão como personagem de desenho animado. E o raio - descarga elétrica - pode atingir o mesmo local com a intensidade mortal que lhe é próprio. Observa-se, no entanto, que cada um de nós tem um fetiche, aprisionado no inconsciente ou tomado pela voluntariedade. O objeto do fetiche pode ser qualquer coisa, desde um pequeno objeto insignificante ou mesmo a predileção por uma parte do corpo. O fetiche definido na seara afetiva é algo como a centelha do desejo sexual, o que se considera normal. A constituição do fetiche na forma de ocultação da consciência pode intervir na realização dos desejos. Um exemplo bem primário do fetiche inconsciente é aquele em que a criança dorme agarrada a uma fralda que tem o cheiro da mãe. Nem tente substituir o seu "manto" pois o que ela identifica naquela peça é a segurança materna através dos meandros olfativos.

Homem com Algemas

Mulher imobilizada

É de se ver que qualquer objeto pode  ser elevado à condição de fetiche como sapatos, roupas íntimas, pés, algemas, cassetete, veludo (que remete aos pelos pubianos), entre outros que podem ser alçados  para esta categoria. O cantor romântico Wando, morto recentemente, conhecido por suas canções piegas, recebia nos shows calcinhas perfumadas como oferendas de suas fãs que eram atiradas no palco. Há quem prefira imobilizar seus parceiros com cordas ou algemas,vestir-se de "SUPER",  usar máscaras e chicotes, vestir-se de militar ou policial e no caso masculino, as preferidas são as enfermeiras,  as domésticas com roupas nem tão santas, mulheres de espartilho e saias sobrepostas, e tudo mais que a imaginação puder conceber. Fetiche e Fantasia se confundem, exceto nos estudos da Psicanálise.

 

 O psicanalista Sigmund Freud fala da condição fetichista, lembrando Binet, o qual em 1887 havia sustentado que "todos somos mais ou menos fetichistas no amor e que  há uma certa dose de fetichismo, mesmo considerando o amor mais normal".

A dominada

A enfermeira

Mas o certo é que a condição fetichista está no meio do caminho entre o "amor normal" e o "fetichismo". Alguns pontos,  à primeira vista, parece-nos uma escolha inconsciente já que há os "dominadores"  e os "dominados" não importando se homem ou mulher, o resultado deságua no desejo sexual e no prazer que ele proporciona.

Dominada

Dominadoras

O mercado do amor é pródigo em oferecer  os mais inusitados artigos para dar asas à imaginação. Coleiras, algemas, máscaras negras (as preferidas das mulheres), os chicotes, lingeries (comestíveis), uniformes militares, longas botas negras,  usadas sempre pelas dominadoras e cintas-ligas que já são triviais nas vestes sedutoras das mulheres. 

Policial

E não param por aí. Mas  ser fetichista não se resume em  anomalias  psíquica,  moral e nem sexual. É a forma que se tem para apimentar uma relação. Avizinha-se que fantasia e fetiche são a conjugação acertada para uma vida sexual madura e prazerosa. E com isso, segundo Freud:

(...) O ponto de contato do fetichismo com o normal está provido pela supervalorização psicológica essencial do objeto sexual, a qual inevitavelmente estende-se a tudo o que está a ele associado".